sexta-feira, novembro 19, 2010

Notícias



“Entre mim e os mortos há o mar
e os telegramas
Há anos que nenhum navio parte
nem chega. Mas sempre os telegramas
frios, duros, sem conforto.”
Ainda menina, lia, “proclamava”, ouvia... muito se falava: INDEPENDÊNCIA!
O vocábulo sempre foi música aos ouvidos e anseio de um todo. Parece ser uma meta, um projeto de vida...
Mas no seu sentido real, não seria uma utopia?
O tempo passa e percebo que cada vez mais a tal 'independência' ganha vantagem e se distancia do alcance de meus dedos.
Dei muitos passos desde que assumi a postura de ser 'adulta', resolvida e responsável por meus atos.
“Na praia, e sem poder sair.
Volto, os telegramas vêm comigo.
Não se calam, a casa é pequena
para um homem e tantas notícias.”
Em instantes a vontade é recuar. Voltar a ser aquela menina que deitava no colo da avó e simplesmente chorava por não saber o que falar.
Tudo facilmente solucionado. As lágrimas lavavam a alma e qualquer sentimento de desgosto, culpa ou arrependimento se dissolvia.
“Vejo-te no escuro, cidade enigmática.
Chamas com urgência, estou paralisado.
De ti para mim, apelos,
de mim para ti, silêncio.
Mas no escuro nos visitamos.”
Hoje não. Os olhos estão secos – a alma também. A noite perdeu o revestimento de romantismo e assumiu a sua real postura de sombria, fria e vaga.
“Escuto vocês todos, irmãos sombrios.
No pão, no couro, na superfície
macia das coisas sem raiva,
sinto vozes amigas, recados
furtivos, mensagens em código.”
Não há independência alguma. A vida é repleta de ilusões multifacetárias, 'pseudo achismos' e aparências...
“Os telegramas vieram no vento.
Quanto ao sertão, quanta renúncia atravessaram!
Todo homem sozinho devia fazer uma canoa
e remar para onde os telegramas estão chamando.”
A vida é COMPLEXA e nós seres humanos... PERPLEXOS!

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