quinta-feira, fevereiro 25, 2010

O Amor Antigo



Parecia que as estrelas enfeitavam ainda mais o céu encoberto pelas cores pesadas da noite. A lua se engrandecia diante dos olhos. O vento nos cabelos, a sensação de paz, tranquilidade, sem o som das sirenes, sem a correria da rotina... sentia apenas a presença da alma, livre, observando as luzes ao longe da cidade. Reparei, pela primeira vez, o passar dos carros e pessoas nas ruas, tão pequenininhos, tão distantes... e eu ali, alheia por alguns instantes desta realidade.
Foi quando me dei conta de que não estava só. Ele segurou minhas mãos, desviou meu olhar e disse tudo aquilo que eu já estava acostumada a ouvir. O tom era mais suave, como se tivesse medo de minhas reações. Relatou minha ausência, meu afastamento mesmo estando próxima, e até cogitou minha falta de sentir.
“O amor antigo vive de si mesmo,
não de cultivo alheio ou de presença.
Nada exige nem pede. Nada espera,
mas do destino vão nega a sentença.
O amor antigo tem raízes fundas,
feitas de sofrimento e de beleza.
Por aquelas mergulha no infinito,
e por estas suplanta a natureza.”
Talvez não seja incompatibilidade. Quem sabe falta de compreensão?! As pessoas são diferentes, os comportamentos muitas vezes são clichês... e infelizmente 'eu não sou assim'. Minhas atitudes revelam quase em sua totalidade o que realmente sinto. Todavia, cada um se expressa de uma forma.
Convivo com as palavras durante o dia todo, elas me consomem as vezes, me traem, principalmente quando insistem em discordar com a entonação.
Não é desamor. É apenas minha forma de sentir.
“Se em toda parte o tempo desmorona
aquilo que foi grande e deslumbrante,

o antigo amor, porém, nunca fenece
e a cada dia surge mais amante.
Mais ardente, mais pobre de esperança.
Mais triste? Não. Ele venceu a dor,
e resplandece no seu canto obscuro,
tanto mais velho quanto mais amor”
...porque o meu sentir é tão intenso quanto o seu... só é mais reservado, mais marcado por um passado, traz em si recordações, experiências, quem sabe?!
Com o passar dos dias ele vem, vem devagar, sem COBRANÇAS, sem EXIGÊNCIAS... só requer paciência, cumplicidade...
Porque estar ao seu lado me faz tão bem!

domingo, fevereiro 21, 2010

Eu também já fui brasileiro



“Eu também já fui brasileiro
moreno como vocês.
Ponteei viola, guiei forde
e aprendi na mesa dos bares
que o nacionalismo é uma virtude.
Mas há uma hora em que os bares se fecham
e todas as virtudes se negam.”
… E quando fechava os olhos era como se me transportasse para outra dimensão. Já vivi de sonhos. A melhor parte de meu dia começava quando impunha o pé direito dentro de meu quarto, me deitava e os pensamentos ocupavam todos os espaços, moldavam as paredes, arrastavam os móveis e eu podia, enfim, sentir a presença de quem eu quisesse e a emoção que me fosse conveniente.
Durante muito tempo rastejei pelos dias, forcei meu sorriso de “boa tarde”, ouvi, aconselhei e critiquei mesmo estando alienada do mundo, de tudo, de todos...
“Eu também já fui poeta.
Bastava olhar para mulher,
pensava logo nas estrelas
e outros substantivos celestes.
Mas eram tantas, o céu tamanho,
minha poesia perturbou-se.”
Já percorri o romantismo, surrealismo, simbolismo e até impressionismo. Transpassei os extremos, rompi barreiras e ao mesmo tempo aprendi que os limites, ou melhor, as fronteiras, são necessárias e indispensáveis.
Hoje percebo que aquela antiga inquietude, fadiga em conhecer o que não estava ao meu alcance, o costume insistente de persistir na mudança do imutável, em acreditar que o tempo transforma as pessoas... tudo isso se perdeu entremeio indiferenças, descasos, falta de comprometimento e até egoísmo.
“Eu também já tive meu ritmo.
Fazia isso, dizia aquilo.
E meus amigos me queriam,
meus inimigos me odiavam.
Eu irônico deslizava
satisfeito de ter meu ritmo.
Mas acabei confundindo tudo.
Hoje não deslizo mais não,
não sou irônico mais não,
não tenho ritmo mais não.”
Hoje sei valorizar o que tenho, cultivar as pessoas e buscar o que me é palpável, concreto, sólido. Portanto, concluí que a vida vai muito além dos momentos em transe e que não há nada melhor do que viver, verdadeiramente, as fantasias reais.

segunda-feira, fevereiro 15, 2010

Reverência ao destino



Pessoa alguma tem certeza do amanhã. Planos são apenas uma forma que nós, seres humanos, inventamos para nos organizar.
Não existem cálculos, estatísticas, hipóteses que possam determinar com precisão o que está por vir. Então o risco de nos frustarmos equivale às probabilidades de nos realizarmos.
“Fácil é abraçar, apertar as mãos, beijar de olhos fechados.
Difícil é sentir a energia que é transmitida. Aquela que toma conta do corpo como uma corrente elétrica quando tocamos a pessoa certa.”
Às vezes passamos grande parte de nossas vidas esperando alguém especial ou tentando moldar as pessoas para que elas sejam aquilo que gostaríamos que fossem. E, por diversas vezes, não damos oportunidades para que algo ou alguém, diferente do esperado, nos conquiste, nos acrescente e nos mostre que as diferenças nos completam.
Um dia desses você disse que estar ao meu lado lhe faz sorrir mais, viver de maneira mais feliz e leve...
Agora, eu te digo: “Viver ao seu lado me faz ser mais responsável, mais forte, mais segura!”
Aprendi que as grandes mudanças são ocasionadas pela simples decisão de arriscar, ousar. Descobri que o medo, a apreensão são obstáculos que nos fazem estagnar.
“Fácil é querer ser amado.
Difícil é amar completamente só. Amar de verdade, sem ter medo de viver, sem ter medo do depois. Amar e se entregar. E aprender a dar valor somente a quem te ama.”
Não posso lhe dizer ainda, com convicção, qual seria o nome do sentimento que tenho por você. Não sei se é amor... mas se não for... acredito estar no caminho correto e na direção certa!
“Eterno, é tudo aquilo que dura uma fração de segundo, mas com tamanha intensidade, que se petrifica, e nenhuma força jamais o resgata.”

segunda-feira, fevereiro 08, 2010

Confronto



Não sei explicar que sentimento é este... como surgiu e por que nossos destinos se cruzaram!
Passei 21 anos de minha vida assim: achando respostas para todas as perguntas, sistematizando cada segundo... A ROTINA, AS MATÉRIAS DO TELEJORNAL, OS HORÁRIOS, OS MINUTOS DE CONVERSAS ENTRE UM OFF E OUTRO, OS FINAIS DE SEMANA, AS PESSOAS QUE CONHECIA...
Apesar de não parecer – os amigos da redação são prova disso... rs – minha vida sempre foi muito ORGANIZADA. É confortável e tranquilo prever, embora o jornalismo seja cheio de imediatismos e imprevistos, as possíveis reações (minhas e das outras pessoas). Isso me dá a idéia de CONTROLE da situação...
Entretanto você me surpreendeu... Chegou convicto, certo do que queria e enquanto eu achava tudo isso engraçado, você me envolveu de uma maneira que me assusta...
Não estava preparada para amar...
Não estou acostumada com esta dependência! Este querer.
Esta necessidade em ter você sempre por perto, mexe comigo. E procuro, incessantemente, minha altivez, minha segurança, meu 'foco', minha disciplina e, principalmente, minha seriedade no dia a dia.
Gosto de você, agradeço a Deus por ter alguém tão especial por perto... Todavia, lidar com tudo isso faz com que eu me sinta frágil, sensível... e, desde quando você surgiu em minha vida, só me sinto protegida quando estou envolvida em seu abraço...
Parece loucura, regressão... mas acho que esta é a primeira vez que sinto algo tão complexo, bonito e ao mesmo tempo avassalador...
" Bateu Amor à porta da Loucura.
"Deixa-me entrar - pediu - sou teu irmão.
Só tu me limparás da lama escura
a que me conduziu minha paixão."
A Loucura desdenha recebê-lo,
sabendo quanto Amor vive de engano,
mas estarrece de surpresa ao vê-lo,
de humano que era, assim tão inumano.
E exclama: "Entra correndo, o pouso é teu.
Mais que ninguém mereces habitar
minha casa infernal, feita de breu,
enquanto me retiro, sem destino,
pois não sei de mais triste desatino
que este mal sem perdão, o mal de amar." "

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