sexta-feira, novembro 19, 2010

Notícias



“Entre mim e os mortos há o mar
e os telegramas
Há anos que nenhum navio parte
nem chega. Mas sempre os telegramas
frios, duros, sem conforto.”
Ainda menina, lia, “proclamava”, ouvia... muito se falava: INDEPENDÊNCIA!
O vocábulo sempre foi música aos ouvidos e anseio de um todo. Parece ser uma meta, um projeto de vida...
Mas no seu sentido real, não seria uma utopia?
O tempo passa e percebo que cada vez mais a tal 'independência' ganha vantagem e se distancia do alcance de meus dedos.
Dei muitos passos desde que assumi a postura de ser 'adulta', resolvida e responsável por meus atos.
“Na praia, e sem poder sair.
Volto, os telegramas vêm comigo.
Não se calam, a casa é pequena
para um homem e tantas notícias.”
Em instantes a vontade é recuar. Voltar a ser aquela menina que deitava no colo da avó e simplesmente chorava por não saber o que falar.
Tudo facilmente solucionado. As lágrimas lavavam a alma e qualquer sentimento de desgosto, culpa ou arrependimento se dissolvia.
“Vejo-te no escuro, cidade enigmática.
Chamas com urgência, estou paralisado.
De ti para mim, apelos,
de mim para ti, silêncio.
Mas no escuro nos visitamos.”
Hoje não. Os olhos estão secos – a alma também. A noite perdeu o revestimento de romantismo e assumiu a sua real postura de sombria, fria e vaga.
“Escuto vocês todos, irmãos sombrios.
No pão, no couro, na superfície
macia das coisas sem raiva,
sinto vozes amigas, recados
furtivos, mensagens em código.”
Não há independência alguma. A vida é repleta de ilusões multifacetárias, 'pseudo achismos' e aparências...
“Os telegramas vieram no vento.
Quanto ao sertão, quanta renúncia atravessaram!
Todo homem sozinho devia fazer uma canoa
e remar para onde os telegramas estão chamando.”
A vida é COMPLEXA e nós seres humanos... PERPLEXOS!

quarta-feira, setembro 01, 2010

Áporo



“Um inseto cava
cava sem alarme
perfurando a terra
sem achar escape.
Que fazer, exausto,
em país bloqueado,
enlace de noite
raiz e minério?”
A vida é assim: teses seguidas de antíteses.
Mesmo sem esperança damos prosseguimento às coisas. Cada qual a sua maneira, alguns pacificamente, outros preferem ser vítima de seu próprio enredo, alguns se acomodam com a posição de ser apenas observadores, mas são poucos que levantam a cabeça e acreditam na mudança, buscam novos caminhos.
“Eis que o labirinto
(oh razão, mistério)
presto se desata:
em verde, sozinha,
antieuclidiana,
uma orquídea forma-se.”
E são realmente as pessoas que lutam contra a lógica, as regras impostas, as leis que regem algo, que conseguem, mesmo que sós neste ideal: revolucionar a vida.
Ser herói diante um senso em comum e uma vontade compartilhada não é conquista.
Ser vitorioso mesmo nas derrotas é em suma a verdadeira meta atingida. Afinal: vencer é fazer algo por seu ideal mesmo que ele não seja almejado.
Cruzar os braços é sinônimo de passividade.
Ir à luta, atuar, e ser aquele, entremeio ao infinito, que fez algo em prol de um pensamento, mesmo que seja apenas seu, já foi louvável e o marco que elevou cidadãos comuns à posição de grandes líderes!
Como sabiamente já foi dito: 'questionar é evoluir' e ser diferente é alçar vôos por horizontes desconhecidos!

segunda-feira, agosto 30, 2010

O último dia do ano



Nem tudo que marca o fim, apesar das aparências, É O FIM.
Limpar as sobras, os resquícios, as cenas que preenchem nosso subconsciente é mais difícil do que o ato em si de uma ruptura.
Vivemos normatizando a vida: 'começo, meio e fim'. Entretanto 'de tudo fica um pouco'.
Existem marcos mas não há certezas nem pontos fixos indicando inícios e términos.
“O último dia do tempo
não é o último dia de tudo.
Fica sempre uma franja de vida
onde se sentam dois homens.
Um homem e seu contrário,
uma mulher e seu pé,
um corpo e sua memória,
um olho e seu brilho,
uma voz e seu eco,
e quem sabe até se Deus...
Recebe com simplicidade este presente do acaso.
Mereceste viver mais um ano.
Desejarias viver sempre e esgotar a borra dos séculos.”
Porque por mais que as coisas concretas sejam findas os sentimentos não são. O abstrato não perece, apenas as mudanças se mantêm!

sexta-feira, julho 30, 2010

Recomeçar



“Sofreu muito nesse período?
foi aprendizado...
Chorou muito?
foi limpeza da alma...
Ficou com raiva das pessoas?
foi para perdoá-las um dia...
Sentiu-se só por diversas vezes?
é porque fechaste a porta até para os anjos...
Acreditou que tudo estava perdido?
era o início da tua melhora...”
Já ouvi muitos dizerem que falar de amor é fácil, afinal é um sentimento que toma conta de nosso ser.
Mas eu digo que a raiva e a decepção nos deixam mais a flor da pele do que qualquer outro sentimento.
Como pode, as pessoas que nos rodeiam e dizem ser 'amigas', falar em falsidade só porque a VERDADE foi dita?!
Meus seguidores que me perdoem por este texto, MAS É UM DESABAFO MESMO! “Se você não quer enxergar que está se afundando em um 'pseudo conto de fadas', saiba que mesmo assim, quando você abrir os olhos para o mundo estarei aqui, para lhe estender a mão.
Todavia, enquanto você não entender que existe muito mais sentimento verdadeiro de minha parte, do que de seu 'amor doentio', acho que não há cumplicidade nem companheirismo.
Para mim as coisas infelizmente são assim, extremas: NÃO HÁ MEIO TERMO!
E assim segue a vida: cada um enxerga a vida com seus próprios olhos. Como diria meu pai: “o que não se aprende por bem, a vida se encarrega de ensinar!”

quinta-feira, julho 22, 2010

O constante diálogo



“Escolhe teu diálogo
e
tua melhor palavra
ou
teu melhor silêncio
Mesmo no silêncio e com o silêncio
dialogamos.”
A comunicação fluía. As palavras ecoavam em cada reação.
Olhares, mãos frias, boca 'cerrada', cabeça baixa, lágrimas... as palavras gritavam mesmo que mudas.
Havia muito a se dizer e mais ainda a ser ouvido.
As explicações vinham, pausadas, vagas, dispensáveis. Nada do que fosse relatado preencheria a enorme lacuna de uma grande decepção!
Não há culpados. A vida se encarregou de transformar o sentimento em ilusões.
O amor foi recordado, os bons momentos relembrados. Entretanto o presente não vislumbrava mais o futuro.
Levantou, deu alguns passos e olhou para trás... tudo em vão... o passado já não estava mais ali!

domingo, maio 23, 2010

Olhar para trás



"Até a cor do arrependimento desbota com o tempo."
Todo domingo é assim, dia de reflexão! Talvez seja esta a explicação para o esticar das horas e mesmo da áspera sensação de tédio.
O dia amanhece e lá estou, avaliando o passado, as atitudes, reações... e daí em diante, tenho certeza de que, às vezes, a sobriedade me falta.
Somos tão imprevisíveis que vez ou outra nos tornamos demagogos, sem perceber. Tão fácil aconselhar, resolver os problemas dos outros e extremamente difícil agir munidos de nossos conceitos.
E por que então temos a ignorante e involuntária mania de querer deduzir e induzir os comportamentos alheios?
É tudo tão estranho, complexo... Convivemos anos ao lado de amigos verdadeiros, familiares e demais pessoas que nos rodeiam e na primeira decepção, nos entregamos ao sofrimento e afirmamos: “Eu realmente não lhe conhecia o bastante!”
Você se conhece o bastante?
Olho para trás e vejo como sou imprevisível. Impulsiva? Também! Entretanto julgar as 'ações inesperadas' do outro é menos cruel do que condenar meus 'pequenos surtos'!
Domingo, fim de noite, olho as pessoas passando pela rua, ouço vozes, crianças brincando, música alta nos carros que passam enfurecidamente pela estreita via... respiro fundo, sinto minha essência renovada.
Os meus erros já não me consomem tanto, todavia, as feridas marcadas em minha pele pelas decepções externas... continuam abertas.

domingo, abril 11, 2010

A um Ausente



“Tenho razão de sentir saudade,
tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.”
E lá se vai mais um 'dia nove'!
Uma situação irreversível, onde meses e meses que passam como o folhear de um livro - e não traz nas páginas seguintes um sentimento aquém ao proporcionado pelos escritos já lidos - me consomem.
Esperança taciturna! Afinal, não tenho mais a dádiva de tê-lo aqui, ao meu lado, e não sei se a morte é o fim ou começo.
“Antecipaste a hora.
Teu ponteiro enloqueceu, enloquecendo nossas horas.
Que poderias ter feito de mais grave
do que o ato sem continuação, o ato em si,
o ato que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?
Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.”
Foi assim, de repente, sem o 'adeus' nas mãos, sem a tristeza nos lábios, como alguém que sai e não se despede pela certeza da volta!
Será que você confiava em um retorno ou em nosso reencontro?
Não sei...
Sei que sinto falta de alguém assim, como você. E que me perdoem os demais amigos, mas você é insubstituível.
De gestos e atitudes simples, de sua timidez, das implicâncias comigo, dos abraços apertados, das danças 'malucas' que inventava e das inúmeras gargalhadas... SAUDADES!
“Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste.”
Porque eu juro a você que se estivesse naquele dia ao seu lado, não lhe deixaria partir, nem permitiria que sofrimento algum lhe vitimasse... Pois um amigo de verdade sofre mais quando a dor é do outro... de alguém que se ama tanto!

domingo, março 21, 2010

Amar



Depois do abraço de despedida me senti incompleta.
Não sei se foi ele quem levou uma parte de mim ou se sou eu que preciso me adaptar com o que ele deixou!
Sei que serão longos 5 meses pela frente.
Dias de inquietação, desconforto, lágrimas e, no final de tudo, a saudade.
“Que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?
Amar e esquecer,
amar e malamar,
amar, desamar, amar?
Sempre, e até de olhos vidrados, amar?”
A vida muitas vezes nos coloca em prova. Quando tudo parece estar bem, somos submetidos a novos desafios.
Não se engane leitor! Não é falta de amor, nem um término de namoro! É apenas um sonho antigo que somente agora pôde respirar a doce e cruel realidade.
“Que pode, pergunto, o ser amoroso,
sozinho, em rotação universal, senão
rodar também, e amar?
Amar o que o mar traz à praia,
e o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?”
Conto, mais uma vez, com a complacência do tempo que se estica e encolhe diante dos olhos. O tempo as vezes parece ser elástico.
Dias e dias não têm a mesma duração! Alguns eu nem percebo ter vivido, passam como certas estações: primavera/verão. Já outros, ah estes outros, parecem durar muito além daquelas convencionais 24h.
“Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o áspero,
um vaso sem flor, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina.”
Os passos lentos... o olhar, pausado, para trás... me fizeram perceber a grandiosidade do amor... do amor RECÍPROCO!
“Este o nosso destino: amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.”
Apesar da ausência, da distância, dos dias de sofrimentos que estão por vir, não há maior dádiva que o amor correspondido!
“Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa
amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita.”
Seja como for, agradeço a Deus por ter você e lhe sou grata pelo sentimento construído e hoje solidificado.
O que nos aguarda? Não sei... Só posso dizer que até então: "VALEU A PENA!"

sexta-feira, março 12, 2010

Mudança



“O que muda na mudança,
se tudo em volta é uma dança
no trajeto da esperança,
junto ao que nunca se alcança?”
Tão difícil tomar decisões. Complicado deixar situações que nos são cômodas e arriscar, ousar, jogar tudo para o alto e resolver 'respirar novos ares'.
Há alguns dias meus caminhos têm me colocado em encruzilhadas.
Amo o jornalismo e sou muito feliz na empresa onde trabalho. Amigos ETERNOS. O ambiente é agitado, típico da profissão, mas os companheiros de jornada são minha segunda família. Pessoas que me fazem sorrir, me deixam à vontade para ser eu mesma. Alguns já tomaram novos rumos... porém nunca são esquecidos. Penso que mais cedo ou mais tarde, um a um seguirá por outras estradas... Isto é incômodo só que ao mesmo tempo é prazeroso... Saber que novas portas se abriram para eles me conforta!
Diante disso, a minha vez também irá chegar. Talvez a oportunidade dependa apenas de nós mesmos.
Há 5 anos moro longe de meus pais. A vontade de estudar mais, a curiosidade de conhecer outras realidades, os projetos a dois de um relacionamento, tudo isso me amedronta porque o sentimento se divide.
Tenho uma dificuldade muito grande em abrir mão das pessoas que amo e o receio do que está por vir me assusta.
'E se eu estiver perdendo a chance de aproveitar ainda mais os momentos felizes e intensos com meus pais?'
São muitas as dúvidas...
'E se não der certo? Se eu não conseguir me adaptar?'
É tão bom ouvir a voz de minha mãe, meu pai, minha avó, ao telefone. Melhor ainda é saber que se eu quiser encontrá-los é só seguir por aqueles já conhecidos 88 km.
É gratificante chegar na redação e olhar aqueles rostos que me dão segurança, contar com os ombros que por diversas vezes suportaram o peso de minhas decepções. É bom 'ser feliz' na minha rotina que não tem nada de MONÓTONA!Todavia chega um momento em que temos a necessidade de alçar vôos, buscar novos horizontes, aprender a conviver com as doces lembranças e torcer para que estas recordações possam ser revividas como nos velhos e bons tempos!

sábado, março 06, 2010

A casa do tempo perdido



“Bati no portão do tempo perdido, ninguém atendeu.
Bati segunda vez e mais outra e mais outra.
Resposta nenhuma.
A casa do tempo perdido está coberta de hera
pela metade; a outra metade são cinzas.”
Fragmentos, retalhos, pedaços de nós mesmos que ficaram no PASSADO – esta divisão que o homem 'estupidamente' insiste em desvincular do PRESENTE E DO FUTURO, como se cada um destes 'tempos' fosse independente... como se 'hoje' não fosse fruto do 'ontem' e causa do 'amanhã'.
Uma música, um episódio em comum, uma fragrância, uma fotografia no fundo daquela caixinha de recordações... de RECORDAÇÕES! Esta simples palavra carrega tanta história, traz consigo vidas que já se foram mas que remanescem em lembranças pétreas.
Porque as vezes dá aquela vontade do colo de mãe. Sentimos a ausência daquele amigo com quem demos boas risadas e não podemos sequer telefonar ou ir visitá-lo... pois não sabemos o caminho do paraíso nem o telefone do céu!
E por mais que o tempo passe – com o atropelar dos dias – posso garantir a você que, principalmente no dia 9 de cada mês, vou continuar olhando para aquela cadeira e esperando você se sentar. Vou ouvir, dançar e cantar todas as músicas que você gravou e me deu como se você também estivesse OUVINDO, CANTANDO E DANÇANDO COMIGO.
Porque EU NÃO QUERO TE ESQUECER... e nem conseguiria...
“Casa onde não mora ninguém, e eu batendo e chamando
pela dor de chamar e não ser escutado.
Simplesmente bater. O eco devolve
minha ânsia de entreabrir esses paços gelados.
A noite e o dia se confundem no esperar,
no bater e bater.
O tempo perdido certamente não existe.
É o casarão vazio e condenado.”
… só queria ter tido tempo de dizer a você o quanto amava nossa amizade, a admiração que tinha por você, a minha vibração - mesmo estando longe - diante de suas conquistas...
Só que eu errei: Por mais uma vez eu acreditei no FUTURO e tudo que eu poderia ter lhe dito em um PRESENTE, agora são apenas desilusões do PASSADO!
(Ao amigo Mayron que, infelizmente, não se encontra mais entre nós: "...porque a ausência, essa ausência assimilada, ninguém a rouba mais de mim...")

segunda-feira, março 01, 2010

Poema que aconteceu



“Nenhum desejo neste domingo
nenhum problema nesta vida
o mundo parou de repente
os homens ficaram calados
domingo sem fim nem começo.
A mão que escreve este poema
não sabe o que está escrevendo
mas é possível que se soubesse
nem ligasse.”
… Talvez a mão não ligasse mesmo, nem sonhasse, tão pouco se preocupasse com o que as janelas comentarão, com o que os olhos dirão.. indiferente aos sussurros...
Porque chega uma hora em que pouco importa...
Não tenho que ser exemplo para ninguém, apenas estar bem comigo mesma – com minha consciência.
Tenho sim, meu lado conservador, meu lado menina e, talvez, uma essência de mulher. Mas isso não implica, necessariamente, na obrigatoriedade de viver restritamente aquilo que a sociedade impõe.
As vezes é difícil para mim, aos 21 anos de idade, segmentar minha vida e controlar minhas atitudes entre imagem e identidade.
Querendo ou não, e por mais que a personalidade seja uma característica marcante, algumas opiniões interferem de maneira fundamental em nossas escolhas e até em nossas concepções.
Mas tem dias... tem dias que só queremos viver!
Viver intensamente!
Sem pretensões... agir assim: impulsivamente.
É bom ter histórias para contar. Ainda mais se forem construídas ao lado de pessoas que amamos INCONDICIONALMENTE!

quinta-feira, fevereiro 25, 2010

O Amor Antigo



Parecia que as estrelas enfeitavam ainda mais o céu encoberto pelas cores pesadas da noite. A lua se engrandecia diante dos olhos. O vento nos cabelos, a sensação de paz, tranquilidade, sem o som das sirenes, sem a correria da rotina... sentia apenas a presença da alma, livre, observando as luzes ao longe da cidade. Reparei, pela primeira vez, o passar dos carros e pessoas nas ruas, tão pequenininhos, tão distantes... e eu ali, alheia por alguns instantes desta realidade.
Foi quando me dei conta de que não estava só. Ele segurou minhas mãos, desviou meu olhar e disse tudo aquilo que eu já estava acostumada a ouvir. O tom era mais suave, como se tivesse medo de minhas reações. Relatou minha ausência, meu afastamento mesmo estando próxima, e até cogitou minha falta de sentir.
“O amor antigo vive de si mesmo,
não de cultivo alheio ou de presença.
Nada exige nem pede. Nada espera,
mas do destino vão nega a sentença.
O amor antigo tem raízes fundas,
feitas de sofrimento e de beleza.
Por aquelas mergulha no infinito,
e por estas suplanta a natureza.”
Talvez não seja incompatibilidade. Quem sabe falta de compreensão?! As pessoas são diferentes, os comportamentos muitas vezes são clichês... e infelizmente 'eu não sou assim'. Minhas atitudes revelam quase em sua totalidade o que realmente sinto. Todavia, cada um se expressa de uma forma.
Convivo com as palavras durante o dia todo, elas me consomem as vezes, me traem, principalmente quando insistem em discordar com a entonação.
Não é desamor. É apenas minha forma de sentir.
“Se em toda parte o tempo desmorona
aquilo que foi grande e deslumbrante,

o antigo amor, porém, nunca fenece
e a cada dia surge mais amante.
Mais ardente, mais pobre de esperança.
Mais triste? Não. Ele venceu a dor,
e resplandece no seu canto obscuro,
tanto mais velho quanto mais amor”
...porque o meu sentir é tão intenso quanto o seu... só é mais reservado, mais marcado por um passado, traz em si recordações, experiências, quem sabe?!
Com o passar dos dias ele vem, vem devagar, sem COBRANÇAS, sem EXIGÊNCIAS... só requer paciência, cumplicidade...
Porque estar ao seu lado me faz tão bem!

domingo, fevereiro 21, 2010

Eu também já fui brasileiro



“Eu também já fui brasileiro
moreno como vocês.
Ponteei viola, guiei forde
e aprendi na mesa dos bares
que o nacionalismo é uma virtude.
Mas há uma hora em que os bares se fecham
e todas as virtudes se negam.”
… E quando fechava os olhos era como se me transportasse para outra dimensão. Já vivi de sonhos. A melhor parte de meu dia começava quando impunha o pé direito dentro de meu quarto, me deitava e os pensamentos ocupavam todos os espaços, moldavam as paredes, arrastavam os móveis e eu podia, enfim, sentir a presença de quem eu quisesse e a emoção que me fosse conveniente.
Durante muito tempo rastejei pelos dias, forcei meu sorriso de “boa tarde”, ouvi, aconselhei e critiquei mesmo estando alienada do mundo, de tudo, de todos...
“Eu também já fui poeta.
Bastava olhar para mulher,
pensava logo nas estrelas
e outros substantivos celestes.
Mas eram tantas, o céu tamanho,
minha poesia perturbou-se.”
Já percorri o romantismo, surrealismo, simbolismo e até impressionismo. Transpassei os extremos, rompi barreiras e ao mesmo tempo aprendi que os limites, ou melhor, as fronteiras, são necessárias e indispensáveis.
Hoje percebo que aquela antiga inquietude, fadiga em conhecer o que não estava ao meu alcance, o costume insistente de persistir na mudança do imutável, em acreditar que o tempo transforma as pessoas... tudo isso se perdeu entremeio indiferenças, descasos, falta de comprometimento e até egoísmo.
“Eu também já tive meu ritmo.
Fazia isso, dizia aquilo.
E meus amigos me queriam,
meus inimigos me odiavam.
Eu irônico deslizava
satisfeito de ter meu ritmo.
Mas acabei confundindo tudo.
Hoje não deslizo mais não,
não sou irônico mais não,
não tenho ritmo mais não.”
Hoje sei valorizar o que tenho, cultivar as pessoas e buscar o que me é palpável, concreto, sólido. Portanto, concluí que a vida vai muito além dos momentos em transe e que não há nada melhor do que viver, verdadeiramente, as fantasias reais.

segunda-feira, fevereiro 15, 2010

Reverência ao destino



Pessoa alguma tem certeza do amanhã. Planos são apenas uma forma que nós, seres humanos, inventamos para nos organizar.
Não existem cálculos, estatísticas, hipóteses que possam determinar com precisão o que está por vir. Então o risco de nos frustarmos equivale às probabilidades de nos realizarmos.
“Fácil é abraçar, apertar as mãos, beijar de olhos fechados.
Difícil é sentir a energia que é transmitida. Aquela que toma conta do corpo como uma corrente elétrica quando tocamos a pessoa certa.”
Às vezes passamos grande parte de nossas vidas esperando alguém especial ou tentando moldar as pessoas para que elas sejam aquilo que gostaríamos que fossem. E, por diversas vezes, não damos oportunidades para que algo ou alguém, diferente do esperado, nos conquiste, nos acrescente e nos mostre que as diferenças nos completam.
Um dia desses você disse que estar ao meu lado lhe faz sorrir mais, viver de maneira mais feliz e leve...
Agora, eu te digo: “Viver ao seu lado me faz ser mais responsável, mais forte, mais segura!”
Aprendi que as grandes mudanças são ocasionadas pela simples decisão de arriscar, ousar. Descobri que o medo, a apreensão são obstáculos que nos fazem estagnar.
“Fácil é querer ser amado.
Difícil é amar completamente só. Amar de verdade, sem ter medo de viver, sem ter medo do depois. Amar e se entregar. E aprender a dar valor somente a quem te ama.”
Não posso lhe dizer ainda, com convicção, qual seria o nome do sentimento que tenho por você. Não sei se é amor... mas se não for... acredito estar no caminho correto e na direção certa!
“Eterno, é tudo aquilo que dura uma fração de segundo, mas com tamanha intensidade, que se petrifica, e nenhuma força jamais o resgata.”

segunda-feira, fevereiro 08, 2010

Confronto



Não sei explicar que sentimento é este... como surgiu e por que nossos destinos se cruzaram!
Passei 21 anos de minha vida assim: achando respostas para todas as perguntas, sistematizando cada segundo... A ROTINA, AS MATÉRIAS DO TELEJORNAL, OS HORÁRIOS, OS MINUTOS DE CONVERSAS ENTRE UM OFF E OUTRO, OS FINAIS DE SEMANA, AS PESSOAS QUE CONHECIA...
Apesar de não parecer – os amigos da redação são prova disso... rs – minha vida sempre foi muito ORGANIZADA. É confortável e tranquilo prever, embora o jornalismo seja cheio de imediatismos e imprevistos, as possíveis reações (minhas e das outras pessoas). Isso me dá a idéia de CONTROLE da situação...
Entretanto você me surpreendeu... Chegou convicto, certo do que queria e enquanto eu achava tudo isso engraçado, você me envolveu de uma maneira que me assusta...
Não estava preparada para amar...
Não estou acostumada com esta dependência! Este querer.
Esta necessidade em ter você sempre por perto, mexe comigo. E procuro, incessantemente, minha altivez, minha segurança, meu 'foco', minha disciplina e, principalmente, minha seriedade no dia a dia.
Gosto de você, agradeço a Deus por ter alguém tão especial por perto... Todavia, lidar com tudo isso faz com que eu me sinta frágil, sensível... e, desde quando você surgiu em minha vida, só me sinto protegida quando estou envolvida em seu abraço...
Parece loucura, regressão... mas acho que esta é a primeira vez que sinto algo tão complexo, bonito e ao mesmo tempo avassalador...
" Bateu Amor à porta da Loucura.
"Deixa-me entrar - pediu - sou teu irmão.
Só tu me limparás da lama escura
a que me conduziu minha paixão."
A Loucura desdenha recebê-lo,
sabendo quanto Amor vive de engano,
mas estarrece de surpresa ao vê-lo,
de humano que era, assim tão inumano.
E exclama: "Entra correndo, o pouso é teu.
Mais que ninguém mereces habitar
minha casa infernal, feita de breu,
enquanto me retiro, sem destino,
pois não sei de mais triste desatino
que este mal sem perdão, o mal de amar." "

domingo, janeiro 17, 2010

A máquina do mundo



Só sei dizer que a conclusão a qual cheguei hoje, não me agradou.
No fim das contas, apesar de todo 'não querer', de me privar, de fugir de qualquer sentimento, a luta contra o coração é sempre em vão... e o sofrimento é – indiferente do processo, de como se deu – O MESMO.
Porque no término de tudo, a gente, por mais que não queira, sempre descobre que NÃO ESTÁ PRONTO! Sempre percebe que os erros SÃO OS MESMOS, porém, revestidos de uma nova roupagem. E é, em suma, desprezível perceber que a história SE REPETE... ou que, por mais uma vez – e acredito eu, que por mais 'infinitas futuras vezes' – fechar os olhos e sonhar foi a escolha INCORRETA. Entretanto, a mais COMUM em minha vida.
Luto, constantemente, com esta maldita transição entre a INFÂNCIA e a fase ADULTA... Mas não consigo desassociá-las, segmentá-las. É como o jornalismo e a literatura, se transpassam e às vezes, me perco nesta ausência de fronteiras... sem saber o que é real e o que não é!
Tão difícil enfrentar as responsabilidades, tão complicado perder algo e não poder – como uma criança – chorar e transparecer ao mundo quanta dor se sente...
… Tão desgostoso saber que: uma utopia a DOIS só é vislumbrada por UM!...
“A treva mais estrita já pousara
sobre a estrada de Minas, pedregosa,
e a máquina do mundo, repelida,
se foi miudamente recompondo,
enquanto eu, avaliando o que perdera,
seguia vagaroso, de mãos pensas.”

Template by:

Free Blog Templates