domingo, dezembro 13, 2009

Organiza o Natal



Analisando os escritos de Drummond, encontrei este texto. É surpreendente como nos dois últimos meses do ano as pessoas mudam.
As canções natalinas nos embalam, o espírito de solidariedade se instaura, o anseio em ser melhor toma conta de nosso ser.
A esperança de Drummond, e de grande parte das pessoas, é que o Natal se prolongue por todo o ano. Seja eterno.
Esperamos que todo dia seja tempo de dar as mãos, ser mais altruístas, complacentes, presentes na vida dos outros.
Almejamos que a competição entre as pessoas seja vista como algo que impulsione o desenvolvimento e a expectativa em aprimorar, cada vez mais, nossas habilidades. (E não uma disputa de egos.)
Vislumbramos que a vida não seja feita de aparências e sim de essências, solidez, realidade concreta, nua e crua.
Seja no Natal, no Carnaval, na Copa do Mundo...
A cada instante devemos deixar que Jesus nasça dentro de nós e nos transforme, nos renove, acrescente este espírito de FRATERNIDADE.
... E como registrou Drummond, em uma de suas mais sonhadas utopias:
“O mundo será administrado exclusivamente pelas crianças, e elas farão o que bem entenderem das restantes instituições caducas, a Universidade inclusive.
E será Natal para sempre.”

sábado, dezembro 05, 2009

Cerâmica



O que eu me tornei?
Agora me fazem esta pergunta constantemente!
Desde então todos querem me estender as mãos.
Será que o mundo se tornou hipócrita ou eu que sempre fui ingênua a ponto de não perceber que grande parte das pessoas que nos rodeiam não fazem isto por serem boazinhas e sim por interesses?
O que resta de cada experiência que vivemos, de cada decepção que sofremos, são pedaços de nós mesmos.
As vezes fico pensando até que ponto vale a pena se sacrificar nesta vida.
Sair de casa, viver longe dos pais – as pessoas que mais amamos neste mundo – abrir mão de nossas vontades, passar noites sem dormir por preocupações rotineiras... e no fim das contas... ver todo aquele castelo de sonhos se desmoronando, bem ali, na nossa frente!
Me sinto sem lugar nesta vida. Porque na verdade, as pessoas que nos estampam seu melhor sorriso, estão apenas aguardando o momento mais oportuno para puxar o nosso tapete!
Gente mesquinha e calculista...
Mas se realmente, estas pessoas fazem tanta questão em saber o que eu me tornei: ACREDITEM. ME TORNEI ALGUÉM SUFICIENTEMENTE FORTE E INCRIVELMENTE CAPAZ DE SUPERAR AS ATITUDES INVEJOSAS DE QUEM NUNCA TEVE SUCESSO ALGUM!
E se depois, de tantos cálculos deste plano arquitetado, aguardavam uma lágrima sequer minha no final: SINTO DIZER, MAS ELA NÃO IRÁ CAIR! Muito pelo contrário, só faço à agradecer PORQUE A CADA OBSTÁCULO SUPERADO É UM SALTO A MAIS QUE EU DOU EM FAVOR DE MINHA MATURIDADE E INDEPENDÊNCIA!
Para vocês, meninas e adolescentes, que sempre foram frágeis como eu: NUNCA PERCAM SUA DOÇURA E ESSÊNCIA mas aprendam que AMOR, AMOR DE VERDADE: são poucas pessoas que podem nos oferecer... dentre elas, nossa FAMÍLIA!
“Os cacos da vida, colados, formam uma estranha xícara.
Sem uso, ela nos espia do aparador.”

quinta-feira, novembro 05, 2009

A hora do cansaço



A cada instante que se passa tenho mais certeza de que meu pai sempre esteve certo: “a vida é feita de ilusões”.
O homem se encanta com aquilo que está diante de seus olhos, que lhe parece perfeito, cômodo, confortável e útil. Estamos sempre buscando algo pronto, acabado! Queremos sempre um amor pra vida inteira, um 'felizes para sempre', uma convivência familiar sem turbulências, uma amizade sem decepções, uma profissão que não tenha desgastes.
Procuramos sempre o caminho mais curto, mais acessível. Esperamos que a vida venha e nos entregue de bandeja todos nossos sonhos, bem lapidados. Almejamos viver só o lado bom das coisas.
“As coisas que amamos,

as pessoas que amamos
são eternas até certo ponto.
Duram o infinito variável
no limite de nosso poder
de respirar a eternidade.
Pensá-las é pensar que não acabam nunca,
dar-lhes moldura de granito.
De outra matéria se tornam, absoluta,
numa outra (maior) realidade.”
Nosso erro está em idealizar demais, em acreditar em uma felicidade plena, em um companheiro que seja sempre firme, correto, ímpeto, onipotente...
“Começam a esmaecer quando nos cansamos,
e todos nos cansamos, por um ou outro itinerário,
de aspirar a resina do eterno.
Já não pretendemos que sejam imperecíveis.
Restituímos cada ser e coisa à condição precária,
rebaixamos o amor ao estado de utilidade.”
Acredito sim que possamos ter momentos intensos de alegria ou, quem sabe, positivamente falando, estar de bem com a vida grande parte do tempo - com muito jogo de cintura, é claro!
Entretanto, é preciso buscar tudo isso, correr atrás, passar pelo mar revolto, enfrentar tempestades, perder batalhas e não desistir para, quem sabe, caso a guerra também não seja ganha, termos, pelo menos, a certeza de que FOI FEITO tudo o que era possível!
“Do sonho de eterno fica esse gozo acre
na boca ou na mente, sei lá, talvez no ar.”

segunda-feira, outubro 26, 2009

Infância



Ainda me lembro, como se fosse ontem, de dias que não voltam mais.
Minha mãe: se ausentava durante o dia pois levava saber e proporcionava conhecimentos a seus alunos. Mas à noite, mesmo cansada, esgotada, vestia seu melhor sorriso para embalar-me com suas histórias que nunca chegavam ao fim.
Meu pai: sempre atordoado, rodeado de pessoas, de afazeres e de carinho e zelo para girar um pião de madeira com meu irmão e criar as vozes mais engraçadas de minhas bonecas. Até hoje, quando fecho os olhos, consigo ouvi-las.
Minha avó... Ah minha vovozinha! Dividia seu tempo milimetricamente, contando rotineiramente cada segundo, tentando equacionar minhas peraltices de menina e a tranquilidade de meu irmão.
Tempos saudosos, lembranças prazerosas em serem revividas... Época em que não havia preocupações.
Quisera eu ter a consciência, naquele tempo, do quanto era gostoso assistir TV com a vovó, dormir abraçadinha com a mamãe, chegar em casa e tocar teclado para o papai e ficar contando os azulejos das paredes com meu irmão.
“Meu pai montava a cavalo, ia para o campo.

Minha mãe ficava sentada cosendo.
Meu irmão pequeno dormia.
Eu sozinho menino entre mangueiras
lia a história de Robinson Crusoé,
comprida história que não acaba mais.”
Quisera eu... reconhecer todo o sacrifício que meus pais sempre fizeram para nos proporcionar o melhor e usar, raras vezes, a palavra NÃO.
Hoje vejo como é difícil transfigurar-se de alegria após um dia cansativo. Sei como é custoso dividir o tempo para agradar e fazer-se presente na vida de todos que amamos. Tenho consciência de quanto é complicado correr atrás de nossos sonhos e, pior ainda, vê-los tomando novos rumos e proporções - tudo para agradar as pessoas que nos cercam e que têm um significado realmente relevante para nós.
Contudo, nunca é tarde para que o reconhecimento venha. Nunca é tarde para gritar para o mundo: QUE A FAMÍLIA É O QUE A GENTE TEM DE MELHOR! Nunca é tarde para aprender que a vida deve ser VIVIDA INTENSAMENTE.
“E eu não sabia que minha história
era mais bonita que a de Robinson Crusoé.”

domingo, setembro 13, 2009

Definitivo



“Definitivo, como tudo o que é simples. Nossa dor não advém das coisas vividas, mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram.”
Fizemos tantos planos, vislumbramos um futuro compartilhado, nos doamos, criamos nossa história, construímos nosso tempo, redimensionamos o espaço... Para quê?
Para voltarmos àquele conhecido lugar comum, onde as dúvidas persistem, a confiança se desconfigura e o amor que sentimos já não é mais suficiente!
“Por que sofremos tanto por amor? O certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por termos conhecido uma pessoa tão bacana, que gerou em nós um sentimento intenso e que nos fez companhia por um tempo razoável, um tempo feliz.”
Aquilo que aprendemos juntos, que abdicamos, toda entrega, todos os momentos felizes que vivemos, tornaram-se insignificantes no instante em que o perdão não encontrou lugar em nossos corações.
“A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade.”
Perdoar não é tarefa fácil e encontrar um amor, um amor de verdade, também não!
Portanto, a decisão está em nossas mãos: ou sufocamos nosso orgulho e vivemos este amor ou exaltamos nosso ego e mergulhamos num mar de sofrimentos...
“A dor é inevitável. O sofrimento é opcional...”

segunda-feira, agosto 10, 2009

Ausência



“Daqui pra frente nossos caminhos se separam”...
Foram suas últimas palavras.
A vida: continuava, só que agora era preciso aceitar.
Aprender a conviver com a indiferença, com o que não era mais concreto, o que não se podia tocar mas permanecia vivo, ali, mesmo que em pensamentos...
Eram lembranças que se perdiam por horas e enchiam seu quarto, consumia seu tempo, deixava seu corpo intacto, como que por hipnose.

O mundo parava, em um instante do passado, e a história tinha um outro desfecho. O final ansiado!
Não sabia que sentimentos tinha e se realmente ainda lhe restava algum tipo de emoção.
Parecia estar tudo tão vazio, tão vago.
Encontrou-se assim: sem saber quem era.
Como se estivesse, a vida inteira, buscando um sonho que não era seu. Realizando vontades que nunca havia sentido. Gostando do que jamais lhe interessou.
Confundiu sua imagem com sua identidade.
Quem era afinal?
Como alguém pôde deixar sua essência tão obscura?
Os dias seguiam... mas, só os dias.
Buscava em outros olhos, em outras conversas algo impossível.
“Não há como se entregar a outro alguém se seus pensamentos lhe escravizam por um sentimento passado”, lhe disseram.
O que fazer?
Optou: SONHAR.
“ Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.”

sexta-feira, agosto 07, 2009

Não se mate



Nem tudo são flores!
Me questiono pela ousadia de ter sempre desprezado esta frase.
A gente sofre, se machuca, se degenera pelo simples fato de acreditar que é possível viver, evoluir, crescer e SER FELIZ sem sofrimentos.
Não sugiro que nos tornemos pessimistas, nada disso.
Espero que possamos vislumbrar a vida de maneira mais consciente, realista, adulta.
Os problemas existem e nunca pense que as coisas indesejáveis só acontecem com você.
Talvez a beleza da vida só possa ser encontrada a partir do momento que lapidarmos nossos pesadelos e esculpirmos nossos sonhos.
Viver é uma arte...
Saber perdoar é uma dádiva!
“ Carlos, sossegue, o amor
é isso que você está vendo:
hoje beija, amanhã não beija,
depois de amanhã é domingo
e segunda-feira ninguém sabe o que será.”

terça-feira, julho 14, 2009

FÉRIAS



Pessoal, até que enfim: FÉRIAS! Vou para casa de meus pais, reencontrar os amigos, abraçar mamãe, beijar papai, passar os dias mais felizes de minha vida ao lado de minha vovó linda e curtir meu irmãozinho.
Como esperei por isso.
E, melhor: FUI APROVADA EM MINHA BANCA - TCC!!!
Irei me ausentar deste nosso cantinho que amo muito - SIM, NOSSO: MEU E DE TODOS QUE ME SEGUEM. Perdoem se não acompanhar os blogs que sigo - diga-se de passagem: OS MELHORES - mas em agosto estarei de volta.
Obrigada pela companhia de vocês, pelos comentários construtivos e pela amizade e o carinho construídos a cada dia de convivência, mesmo que, apenas, virtualmente.
Boas férias a todos e espero que se divirtam muito!!!
JÁ ESTOU COM SAUDADES...
Beijos e ATÉ BREVE!
" Ser feliz sem motivo é a mais autêntica forma de felicidade."
\o/\o/\o/

domingo, julho 05, 2009

O mundo é grande



Apaixonada!
Não há outra maneira de definir o que sinto por você.
Foi assim, de uma maneira inesperada, que você surgiu.
Te achava engraçado, belo... mas não havia percebido que você sempre esteve aqui, a meu lado.
Alguém, simplesmente, diferente.
Homem. Rosto de menino, sorriso encantador e lábios que sabem dizer o que preciso ouvir.
Sinto sua falta... Como se você estivesse há datas junto a mim.
Porém, foi só agora que me dei conta de que você chegou, bem devagar, sem nenhuma intenção, mas com o coração aberto, um coração puro...pronto para amar.
Espero que nossos dias, por mais que não durem para sempre, sejam eternos...
Seu passado já me encomodou.
Hoje só demonstra que você tem caráter. Que você está disposto a ser meu...
Obrigada. Este era sim, como você disse, o momento.
O tempo de assumir este sentimento envolvente, de entrega!
Que seja eterno enquanto dure!
“ O mundo é grande e cabe
nesta janela sobre o mar.
O mar é grande e cabe
na cama e no colchão de amar.
O amor é grande e cabe
no breve espaço de beijar.”

quarta-feira, julho 01, 2009

O enterrado vivo



Já achou graça de si mesmo?
Pois é. Estranho, não?
Porém, é preciso rir de nós mesmos para que percebamos o quanto dificultamos as coisas, intensificamos os sofrimentos – que talvez sejam insignificantes – e, por fim, fazemos da vida um palco, onde tudo vira drama...
Parece que ficamos o tempo inteiro na expectativa, na ânsia de que alguém se emocione com nossa brincadeira de viver...
“ É sempre no passado aquele orgasmo,

é sempre no presente aquele duplo,
é sempre no futuro aquele pânico.
É sempre no meu peito aquela garra.
É sempre no meu tédio aquele aceno.
É sempre no meu sono aquela guerra.
É sempre no meu trato o amplo distrato.
Sempre na minha firma a antiga fúria.
Sempre no mesmo engano outro retrato.”
Nesta tarde, pensei, pensei, repensei e cheguei a conclusão de que, às vezes, ficamos apáticos vendo as coisas acontecerem...
Se estou triste: choro.
Feliz: sorrio.
Entediada: olho para o teto.
Preocupada: deito...
Como assim? Estou sendo espectadora de minha própria história!
Desistindo facilmente. Cruzando os braços. Assistindo, monotonamente, aquelas cenas previsíveis!
“ É sempre nos meus pulos o limite.
É sempre nos meus lábios a estampilha.
É sempre no meu não aquele trauma.
Sempre no meu amor a noite rompe.
Sempre dentro de mim meu inimigo.
E sempre no meu sempre a mesma ausência.”
É preciso lutar, reagir, arregaçar as mangas e fazer por onde.
O mundo não é cruel, o ser humano é que fraqueja vez ou outra!

terça-feira, junho 30, 2009

Acordar, viver



"Como acordar sem sofrimento?
Recomeçar sem horror?
O sono transportou-me
àquele reino onde não existe vida e eu quedo inerte sem paixão."
Dias difíceis...
Sinto-me sem forças para continuar.
Estou sensível diante das palavras desperdiçadas, dos olhares evasivos, das mãos frias...
" Como repetir, dia seguinte após dia seguinte, a fábula inconclusa,
suportar a semelhança das coisas ásperas
de amanhã com as coisas ásperas de hoje?"
É incrível como tudo muda em frações de segundos. O que era um sonho, torna-se um pesadelo. O que era amor, vira ódio. Quem era seu porto seguro hoje, pode ser seu maior medo amanhã!
" Como proteger-me das feridas
que rasga em mim o acontecimento,
qualquer acontecimento que lembra a Terra e sua púrpura demente?
E mais aquela ferida que me inflijo a cada hora,
algoz do inocente que não sou?
Ninguém responde, a vida é pétrea.”

sexta-feira, junho 26, 2009

Além da terra, além do céu



Barreiras?
Elas não existem pra quem ama.
Eu viajaria o mundo para encontrar você - mesmo que em pensamento.
Eu deixaria minhas vontades de lado para satisfazer as suas, sempre que percebesse o quão seus desejos são importantes e preciosos - ainda que só para você.
“Além da Terra, além do Céu,
no trampolim do sem-fim das estrelas,
no rastro dos astros,
na magnólia das nebulosas.
Além, muito além do sistema solar,
até onde alcançam o pensamento e o coração,
vamos!”
Dificuldades, obstáculos, nunca deixaram de existir. Porém, eu sempre busquei soluções.
Não me escondi na primeira discussão, não me rendi aos encantamentos do mundo, não julguei nem crucifiquei...
Hoje, eu sei que eu amei.
Eu vivi este amor. Mais um... Vivi vários amores e espero, apesar das desilusões, continuar assim... me entregando.
Sabe por quê?
Na verdade, o amor não faz sofrer.
A gente se machuca quando insiste em distorcer o real. Em desviar o olhar para o que está, de fato, diante de nossos olhos.
Eu fiz o melhor que pudia.
Contudo, se você descobriu seu sentimento apenas agora...
Não posso te oferecer o que eu não mais tenho, não sinto!
Se apenas agora você vê as cores mais vivas, acha o céu mais bonito, ouve o canto dos pássaros e acha o mundo um paraíso...
Alegro-me ao saber que você é um dos poucos seres humanos que já amou... Todavia, meus olhos brilham, minha voz se cala e meus lábios se perdem, neste momento, por outro alguém.
“ Vamos conjugar
o verbo fundamental essencial,
o verbo transcendente, acima das gramáticas
e do medo e da moeda e da política,
o verbo sempreamar,
o verbo pluriamar,
razão de ser e de viver.”
Um amor, dois amores, três amores... Independente de quantos vierem e das emoções que eles trouxerem: Eu quero mesmo é AMAR!

sábado, junho 20, 2009

Caso do vestido


Parou no tempo. Selecionou as lembranças que lhe convinham e as demais descartou.
Guardou, na mesma caixinha que acondicionara o vestido dos sonhos com as rendas de um véu de amarguras, as recordações de seu paraíso.
Ela esperava, todos os dias, a volta de seu amado. Aquele homem que a fez feliz e que, junto com suas filhas, era a razão de sua existência.
Pacientemente aguardava o seu regresso. E em um desses dias, diante dos questionamentos de suas meninas, resolveu abrir aquela caixinha e revelar o que, com tanto zelo, ela mantinha ali.
Seus olhos transbordavam um mar de emoções. Reviver tudo aquilo era trazer ao presente alegrias e dores do passado.
Ela deu início ao seu relato.
Contara que havia vivido dias invejáveis, de intensa e completa felicidade e como isso é incomum, logo despertou a ânsia dos insatisfeitos.
Seu marido conhecera uma moça, uma linda moça, a qual roubou-lhe os dias, as noites, o ar, o sossego...
“ ...se afastou de toda vida,

se fechou, se devorou...”
… Fugiu com ela. Deixou a família e foi viver seu devaneio.
Depois de saciado, aquela fantasia foi, gradativamente, perdendo as formas, as cores e a beleza.
“...quede os olhos cintilantes?
Quede graça de sorriso,
quede colo de camélia?
Quede aquela cinturinha
delgada como jeitosa?
Quede pezinhos calçados
com sandálias de cetim?”
Então, a moça, que levara para si a veste dos dias daquela mulher, bateu à sua porta e entregou o que era, de fato, da senhora abandonada pelo marido...
A mulher pegou o vestido e colocou-o na mesma caixinha de onde viera, esquecendo-o ali por datas.
Daí, ao narrar a história a suas pequenas, ela arrancou da caixinha o pouco que restara daquele emaranhado de retalhos, tapou-a e queimou aqueles trapos...
Olhou para a janela e viu seu marido caminhando rumo a porta. Como quimera, ela sorriu e foi ao encontro dele.
“... comeu, limpou o suor,
era sempre o mesmo homem,
comia meio de lado
e nem estava mais velho.
O barulho da comida
na boca, me acalentava,
me dava uma grande paz,
um sentimento esquisito
de que tudo foi um sonho,
vestido não há... nem nada.”

sexta-feira, junho 19, 2009

José



“E agora, José?
A festa acabou,

a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou.
E agora, José?
E agora, Joaquim?
E agora, você?
Você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
E agora, José?”
Hoje, não tem sonhos nem idealizações.
Momento de revolta e, como sugeriu minha amiga e irmã, Marina Guido, tempo de indignação!
Como pode, diante de tanta evolução, de todo o incentivo que há a alfabetização, perante os direitos dispostos na Constituição Brasileira que asseguram a escolaridade a todos, a maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal pronunciarem-se CONTRA a OBRIGATORIEDADE DO DIPLOMA DE JORNALISTA?
Nossa classe está sendo desvalorizada!
Por acaso o JORNALISMO é menos importante que as demais profissões?
Isso é LIBERDADE DE IMPRENSA?
Francamente, isso é um desrespeito com o POVO BRASILEIRO.
Não desmereço aqueles que exercem a profissão sem diploma e têm talento. Contudo, a escola de Frankfurt, os critérios de noticiabilidade, a técnica da pirâmide invertida, do nariz de cera, o feedback e McLuhan, são dispensáveis?
Vejo, com um olhar ofuscado, o cenário indigno que nós, disseminadores, mediadores de informações e, mais ainda, de conhecimentos, encontramo-nos.
Reitero este meu sentimento de cólera frisando que Marco Aurélio de Mello mostrou-se como o único ministro PENSANTE do Supremo Tribunal Federal diante da nulidade dos demais elementos que participaram da votação.
“ Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!”

terça-feira, junho 16, 2009

O medo



Deixar para trás algo que eu não mais queria, em momento algum, me apavorou.
O que eu não esperava era, em tão pouco tempo, conhecer, como que em feitiço, alguém que me envolvesse a ponto de cercear todas as minhas saídas...
Não consigo compreender o que está acontecendo. Sinto-me seduzida. Ele encantou meus olhos e preencheu minha alma.
Diferente de tudo o que já vi, já vivi e já quis. Considero-o inatingível e me vejo sensível diante de suas atitudes conscientes e rudes.
Tento premeditar minhas reações para não sofrer os efeitos de suas palavras doces.
Tempo perdido!
Ele rouba minha superioridade, a convicção que sempre tive com qualquer pessoa.
Fico atormentada, completamente assustada. Tento recuar, no entanto, meu corpo me compromete, me entrega, me deixa vulnerável ali, perante sua onipotência.
Promessas? Ele nunca as fez.
Nunca jogou com meus sentimentos. É sempre muito exato. Nunca se excede e, quando presente, também não deixa nada a desejar.
“ Fiquei com medo de ti,
meu companheiro moreno,
De nós, de vós: e de tudo.
Estou com medo da honra.”
Quero ele ao meu lado.

É um querer doentio, pois ele me consome, me entorpece, me descobre, me revela, me ensina, me expõe...
Sinto-me nua diante de seus olhos...
Um olhar fixo, indecoroso, concentrado que sabe o quer e como conseguir.
Vejo-o distante... longe do alcance de meus dedos...
... mas a vontade de tê-lo... persiste!

segunda-feira, junho 15, 2009

Confissão



A noite se aproximava e lá estavam, caminhando distraídos pelas ruas da cidade, sem saber aonde queriam chegar!
Ele, mudo, pensativo, parecia prever que naquela noite algo iria mudar.
Ela, sufocada, tinha muito o que falar, mas tinha medo de se arrepender.
Por horas eles andaram assim, passivos, sem reações, sem relatos, sem olhares, anestesiados.
Suas mãos, entrelaçadas, não sentiam mais o calor uma da outra.
Seus corpos, que percorriam a mesma estrada, lado a lado, estavam frios, solitários, como se cada um tivesse escolhido uma trilha diferente.
Não sei, ao certo, em que mundo ele se perdia...
Sei que ela gritava, sua inquietação chegava a transbordar. Tinha tanto o que dizer que chegava a não saber por onde começar. Tinha receio da emoção tomar, por completo, sua voz e não conseguir omitir certos detalhes...
Foi assim. As palavras saíram, uma atropelando a outra, em um ritmo acelerado, desordenado...
Ele, em desespero, e ela, atônita.
Então, ele reagiu. Disse que ela estava transtornada e que não devia prosseguir com seu discurso. Contudo, seu apelo de nada adiantou. Ela já não ouvia mais som algum, nem o da própria voz... E quando sentiu sua audição fazer-se presente novamente, lhe doeu o ruído das palavras ásperas que sua própria boca pronunciou: “EU NUNCA TE AMEI!”
“ Dei sem dar e beijei sem beijo.
(Cego é talvez quem esconde os olhos
embaixo do catre.) E na meia-luz
tesouros fanam-se, os mais excelentes.”

sábado, junho 13, 2009

O tempo passa? Não passa



“ O tempo nos aproxima
cada vez mais, nos reduz
a um só verso e uma rima
de mãos e olhos, na luz.”
Recordo-me, minuciosamente, de cada instante que passamos juntos.
Parece que o tempo torna-se flexível diante das lembranças.
Seu olhar transbordava felicidade ao poder voltar à infância com minhas manias de menina. Seu sorriso sincero era o melhor remédio para minhas inquietações. Seu abraço me protegia, era sinônimo de segurança, meu refúgio. Suas mãos, que acariciavam meu rosto, acalentavam minha alma...
Por diversas vezes sua voz foi o bastante para que eu pudesse dormir em paz. Suas histórias, engraçadas, eram suficientes para que eu pudesse me esquecer de qualquer sofrimento. Seu jeitinho, descontraído, cheio de gírias, me encantava como se o mundo fosse só nosso...
Éramos assim...
Nosso amor?
Foi findo...
“ Não há tempo consumido
nem tempo a economizar.
O tempo é todo vestido
de amor e tempo de amar.”
Hoje nossos sentimentos amadureceram. Nossos caminhos seguiram sentidos opostos. Somos pessoas diferentes. Aquele amor, que existia lá atrás, não pertence mais à quem nos tornamos...
O amor permanece...
… apenas nas páginas viradas!

quarta-feira, junho 10, 2009

O arco



“Que quer o anjo? Chamá-la
O que quer a alma? Perder-se
Perder-se em rudes guianas
para jamais encontrar-se.”
Muitas vezes tenho vontade de agir contra meus conceitos, contra essas regras que a moral insiste em traçar.
Vontade de ser diferente daquele estereótipo que delimitaram para mim. Queria poder conhecer o que há além dos limites...
“Que quer a voz? Encantá-lo.
Que quer o ouvido? Embeber-se
de gritos blasfematórios
até que dar aturdido.”
Não sei explicar. É uma sensação de liberdade, um querer andar com as próprias pernas, vontade de poder errar por mim mesma e, pela primeira vez, fazer o que parece não ser correto sem sentir medo das consequências. Afinal, só assim faria algo que há muito me atormentava e ao mesmo tempo me instigava.
“Que quer a nuvem? Raptá-lo,
Que quer o corpo? Solver-se,
delir memória de vida
e quanto seja memória.”
Parece que as coisas do mundo conspiram para essa mudança. Sinto-me encantada pelo outro lado, pelo desconhecido. Um desejo imenso de me entregar a esta inundação de novidades que parecem ser a essência da vida!
“Que quer a paixão? Detê-lo.
Que que o peito? Fechar-se
contra os poderes do mundo
para na treva fundir-se.”
Será que ainda não descobri quem sou?
Por que me sinto tão atraída pelo que não é convencional?
“Que quer a canção? Erguer-se
em arco sobre os abismos.
Que quer o homem? Salvar-se,
ao permeio de uma canção.”
Quero me arriscar! Conhecer o que não pertence a meu mundo e criar minhas próprias concepções.
Preciso aprender a me defender sozinha, a fazer minhas escolhas sem interferências. Necessito ouvir aquela frase: “Bem vinda ao mundo real!”

terça-feira, junho 09, 2009

Amor e seu tempo



“Amor é o que se aprende no limite,
depois de se arquivar toda a ciência
herdada, ouvida. Amor começa tarde.”
Talvez Drummond esteja certo.
Reconhecer, identificar, descobrir o amor é tarefa difícil!
As vezes pensamos estar apaixonados por alguém e com o passar do tempo descobrimos que aquele encantamento já não existe mais.
Vez ou outra, confundimos os sentimentos. A paixão é passageira, a beleza física não supera as diferenças, o envolvimento resulta em uma grande amizade... mas e o amor? O que é?
Acumulamos nossas vivências, o que compartilhamos com pessoas próximas e a cada relacionamento tentamos agir de acordo com o que concluímos desta coletânea.
Deixamos, com isso, de nos entregar, de permitir que o amor nasça, de construir um sentimento sólido com outra pessoa. As decepções fazem com que sejamos calculistas, com que não consigamos nos dedicar do jeito que gostaríamos por medo de sofrer.
O amor não se resume em bons momentos. A magia deste sentimento está na maneira como lidamos com os obstáculos. Na forma como, juntos, superamos as dificuldades. No respeito à essência, ao jeitinho de ser da pessoa amada.
Mudar? Sim, defeitos devem ser lapidados e transformados em qualidades... Porém, a subjetividade de cada pessoa é algo que jamais podemos alterar.

Com o tempo, aprendemos que amar é saber a hora de se curvar, de reconhecer nossos erros, de abrir mão... enfim, de perdir perdão e aceitar que nem sempre as coisas acontecem do jeito que esperávamos, pois...
Quando há amor as disparidades tornam-se complementos!

terça-feira, junho 02, 2009

Toada do amor




Seguimos assim, nos desentendendo continuamente.
Tudo incomoda, machuca, é sinal de desconfiança, causa medo.
Será que gostar é o bastante?
Será que vale a pena insistir em uma relação que se desgasta a cada dia?
“E o amor sempre nessa toada!
Briga perdoa perdoa briga.”
Penso, reflito, fico introspectiva e quando decido que não quero mais, ele vem... mexe profundamente comigo, com o que sinto...
Sabe dizer tudo aquilo que preciso ouvir naquele momento. Revela o que não havia dito antes por conta de sua insegurança e de seu ego.
A impressão que tenho é que sem ele não é possível prosseguir.
A vontade mais impulsiva é esquecer tudo e ir ao encontro dele, novamente... Mas e as mágoas? As duras palavras? As diversas vezes que, desesperada, quis sumir e nunca mais ouvir suas explicações, suas promessas? O que faço com tudo isso?
É tudo tão extremo!
Seria tão fácil se fóssemos mais compreensivos, menos orgulhosos.
O ideal seria se aqueles segundos mágicos que passamos juntos fossem prolongados, transformados em meses, anos, décadas... Só que não é assim. Tudo mudou e acho que é hora de aceitar que não é mais como antes. O mundo, as pessoas, a distância... nós mesmos nos afastamos sem perceber!
Talvez seja melhor assim!
Acredito que ainda seja possível salvar o que restou de bom e guardar para sempre, antes que esses vestígios também se percam entremeio tanta desilusão.

quinta-feira, maio 28, 2009

Cuidado





Viver de maneira intensa é sempre muito arriscado, mas sou assim. Gosto de desafiar o tempo, de me entregar, me envolver, ser sincera, confiar... Gosto de construir, em instantes, lembranças eternas.
Sofro, me machuco, me preocupo, me desespero... essa é minha essência, imutável!
Muitas vezes me dôo às minhas ilusões, aos meus sonhos, às minhas fantasias de menina... E meu 'final feliz' são os recortes que faço dos melhores momentos!
Erro sim, confesso. Minhas falhas são imensuráveis e quando procuro retificá-las, raramente tenho êxito. Porém, sou persistente e não me canso de tentar aprender com os insucessos.
Às vezes procuro viver de maneira perigosa! Fecho os olhos para aquilo que não quero ver apesar de ter conhecimento da existência.

“ A porta cerrada
não abras.
Pode ser que encontres
o que não buscavas
nem esperavas.”
Lidar com a realidade é meu maior obstáculo. O medo chega a me paralisar, me sinto tão desprotegida, tão vulnerável que as saídas encontradas nem sempre são as mais indicadas. Ora me escondo atrás das pessoas que eu amo seguindo seus conselhos, ora seleciono o que quero que seja real, distorcendo a verdadeira identidade dos fatos.
Todavia, todas essas pseudo-soluções são simples passatempos. Servem apenas para anunciar o que já está explícito. Não adianta fugir. Para que evadir para outro mundo se quando retorno, a história não é feita apenas por minhas mãos?! Isso é adiar o sofrimento, ou melhor, vivê-lo gradativamente, em doses homeopáticas, a longo prazo.
Até quando vou insistir nesta inocência romântica de que há o tal “felizes para sempre”?
Talvez, se eu não levasse tudo tão a fundo, sem ser criteriosamente correta, não me martirizaria tanto. Só assim, quem sabe, me libertaria desta aversão a ser independente e a arcar com as consequências de minhas, realmente minhas, escolhas de maneira consciente e equilibrada.

domingo, maio 24, 2009

O ano passado



Vejo tudo se repetindo...
O passado insiste em retornar, os erros persistem, as buscas são sempre as mesmas e é cada vez mais difícil mudar.
Estamos sempre pensando no que já vivemos. Em quanto nossa imaturidade nos proporcionava momentos felizes. Tudo era motivo para dar risada e comemorar. Não existia responsabilidade. Não havia com o que se preocupar.
Este ano, procuro, incessantemente, deixar tudo igual ou pelo menos dar continuidade àquela época inesquecível. Corro atrás de algo que já até perdi de vista. Encontro-me em encruzilhadas e sigo rastros incertos...
“Embora sepultos, os mortos do ano passado
sepultam-se todos os dias.
Escuto os medos, conto as libélulas,
mastigo o pão do ano passado.”
Minha alma requer mudança, meu EU solicita viver o presente.
Ater-me ao passado é ter medo de conhecer um mundo novo. É enxergar as fronteiras como limites... Daí, onde seria um ponto final para alguns surgiria uma folha em branco na qual novas personagens entrariam em cena.
Não adianta fingir que as coisas continuam iguais. O tempo tem a característica de estar sempre renovando, atualizando os sentimentos, as idéias, as pessoas, as situações. Um amor, diante do passar dos anos pode crescer, se desgastar, acabar e, até mesmo, adormecer. Contudo, como era antes, nunca mais será.
As transformações são inevitáveis. Por mais que não notemos, a linha do tempo só nos deixa duas alternativas: evoluir ou regredir. E é válido deixar claro que, diante do progresso alheio, quem fica estagnado pertence, respectivamente, aos que estão inclusos na segunda opção.

Os ombros suportam o mundo



“Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.”
Quisera eu que 'esse tempo' fosse findo! Dias difíceis que nos levam a pensar em desistir pois as soluções não estão ao alcance de nossos dedos...
No jornal: criminosos viram celebridades. Nas revistas: a dor de uma tragédia transforma-se em espetáculo. Nas escolas: a prática de atos violentos demonstra a 'hierarquia dos mais fortes'. Nas ruas: pessoas clamam por um 'prato de comida'. Nas noites: meninas viram mulheres ao venderem seus corpos...
A questão é: por que, logo hoje, isso tudo me encomodou tanto?
Será que eu acordei mais sensível esta manhã?
Acredito que não!
O fato é que tudo isso tornou-se tão banal, tão comum, que assustador seria assistir um noticiário sem assassinatos, corrupções e tudo isso que já está 'inerente' ao nosso cotidiano.
Na verdade, me dei conta desses acontecimentos hoje porque eu QUIS ENXERGÁ-LOS. Desta vez, diferente das demais, quando uma criança me pediu uma moeda eu não fingi que ela não existia. Não disfarcei, não olhei para o outro lado como se não houvesse ninguém falando comigo. Eu a ENCAREI e por mais que eu tenha tido uma atitude errada em dar a ela a 'tal moeda', pela primeira vez eu tive a dúvida de como resolver o problema daquela e de inúmeras crianças que se encontram na mesma situação! Sim, eu senti necessidade em fazer algo, em reagir, em mudar esta triste realidade.
“Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.”
Duro, frio, ríspido o pensamento de Drummond, não?
Sim. Só que mais apavorante ainda é descobrir que inúmeras pessoas não reconhecem que também pensam assim. Que também jogaram tudo para o alto e simplesmente deixaram a vida os levar! Que deixaram de sentir o peso nos ombros pelo fato de estarem calejados e construíram uma resistência a tudo e a todos!
“Alguns, achando bárbaro o espetáculo
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou o tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificações.”
O caos está estampado em nosso dia a dia. No entanto, temos que somar forças e lutar para que a vida possa se assemelhar ao mundo idealizado que sonhávamos quando crianças...


Covardia? Deixemos-na apenas para os egoístas!

domingo, maio 17, 2009

Enigma



Mais 24h que se vão, assim como o vento leva uma folha que cai da árvore no outono! Só que estas '24 horas' as quais me refiro, foram mais intensas, mais subjetivas! Reencontros, recordações e até revelações! Os velhos amigos, mas nunca amigos velhos, estavam, como há muito não acontecia, reunidos.
Uns já são pais, outros são profissionais bem sucedidos, alguns renunciaram a carreira dos sonhos para investir em ideais mais 'lucrativos'… Todavia, não poderiam faltar aqueles que continuam do mesmo jeitinho, apesar de uns fios a mais de cabelos brancos!
São tantas histórias para contar que a impressão que temos é que o tempo não quer colaborar com aquele momento que, durante as dificuldades dos dias árduos de convivência diária, parecia que jamais se concretizaria. Além das narrativas particulares, o que não faltavam eram os casos de quando estivemos ali, durante anos, lado a lado, uns dos outros.
Achávamos tudo tão difícil, tão monótono, tão banal, que só depois, depois da dor da ausência, da saudade que insistia em nos perseguir, da realidade atual, das 'relevantes' dificuldades, que percebemos que éramos, sim, felizes e não sabíamos!
Passado este dia maravilhoso, comecei a refletir sobre tudo isso... Sobre a nossa alma, sobre a subjetividade humana. É impressionante a capacidade que temos de analisar os acontecimentos extremamente simples de maneira complexa. Às vezes temos de um tudo para sermos felizes e insistimos na busca pelo sofrimento. Todos nós temos uma dualidade em nossa essência. Contudo, cabe a cada um saber qual desses princípios iremos alimentar. A partir de agora, resolvi que este meu embate estabelecido entre problema e solução se tornará mais ameno, pois decidi alimentar apenas aquilo que me faz bem. Afinal, aprendi que a gente só deve sofrer por aquilo que vale a pena.
“Faço e ninguém me responde
esta perguntinha à-toa:
Como pode o peixe vivo
morrer dentro da Lagoa?”

sexta-feira, maio 15, 2009

Quadrilha



“João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.”
Parece engraçado, não?
Mas é a nossa vida! Por diversas vezes abrimos mão de tudo por alguém e este 'alguém' nem sabe reconhecer. Deixamos nossos ideais, nossos sonhos por uma pessoa que ama outra pessoa ou que não ama nem a si mesma.
Será que vale a pena arriscar tudo por... nada? Seria tão fácil se Teresa amasse João ao invés de amar Raimundo! Talvez se isso tivesse acontecido João não teria ido para os Estados Unidos e Teresa não estaria em um convento!
Deveríamos conseguir enxergar o que realmente nos faz bem. As pessoas que nos amam de verdade. Tudo seria mais simples. Evitaríamos muitos sofrimentos, ou melhor, estaríamos acompanhados por aqueles que sentem o desejo de somar em nossa vida. Gente que nos ajudaria a superar o desgaste de um dia cansativo, de um problema familiar, de uma doença grave... Gente que nos valorizasse e nos mostrasse o quanto somos importantes e que, somos sim, somos significantes!
As vezes nos prendemos tanto a uma idéia - que ainda nem tem raízes, que perdemos a noção de que existem mais pessoas ao nosso redor. EXISTEM OUTRAS VIDAS ALÉM 'DAQUELA' VIDA! Complicado, não? Pois é... É nosso dilema: saber reconhecer quem quer o nosso bem e retribuir de maneira semelhante.

segunda-feira, maio 11, 2009

As sem razões do amor



“Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.”
As vezes me pergunto por que, quase sempre, amamos a pessoa errada?
Parece um carma! Vivemos sonhando com um amor perfeito, um amor completamente idealista e utópico. Um sentimento para vida inteira, ou melhor, algo que transpasse os limites desta vida. Entretanto, vez ou outra nos deparamos com pessoas que não se encaixam em nenhum desses conceitos. Que são o oposto do que procurávamos... Gente que sequer nota o que realmente sentimos e, se notam, continuam agindo como se não soubessem...
Como explicar isso? Como compreender esse nosso desejo por aquilo que não nos pertence?
“Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no elipse.
Amor foge a dicionários
e regulamentos vários.”
Pensando melhor... o amor não tem que ser 'resolvido'! Afinal, não estamos tratando de uma equação matemática. Este sentimento não se encontra na objetividade, numa questão de múltipla escolha. É algo nobre que ACONTECE. Tudo bem que as vezes nos surpreendemos com nossas paixões. Paixões um tanto quanto... diferentes. Amores platônicos que nos levam a regressões temporais, envolvimentos levianos, atitudes impulsivas... “eu te amo porque te amo.”
Assim: sem 'porques'.
Não existe uma fórmula do que é amor, do que é amar, do "eu amo" e do "eu sou amado". Nós, simplesmente, sentimos... Confesso que inúmeras vezes demoramos a perceber o que realmente se passa... mas uma hora acontece aquele boom e pronto: ENTENDEMOS.
“Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.”

sexta-feira, maio 08, 2009

Resíduo



Talvez a memória seja nossa maior fonte de sofrimentos.
As recordações agradáveis trazem junto saudades. As indesejáveis nos fazem sofrer mais uma vez...
Nada nem ninguém que passa por nós parte sem deixar, sem acrescentar alguma coisa, e com certeza, também muito de nós é levado. Uma dor, uma gíria, um momento, uma descoberta, um sonho construído. Sempre restam resquícios do que foi vivido...
As vezes dizemos convictos: 'nem lembro mais dele'. Que mentira! Podemos não gostar da mesma forma que antes, mas isso não quer dizer que deletamos tudo o que percorremos junto a este alguém.
Um grande amor deixa vestígios. Uma mágoa, marca. Uma situação propicia alguns sinais. Uma experiência resulta em indícios, e de uma desilusão sobram apenas rastros...
Pedaços do que se foi. Nódoas de um passado... Somos constituídos disto: do que rememoramos!
“(...) Pois de tudo fica um pouco.
Fica um pouco de teu queixo
no queixo de tua filha.
De teu áspero silêncio
um pouco ficou, um pouco
nos muros zangados,
nas folhas, mudas, que sobem.”

quinta-feira, maio 07, 2009

Pra viver um grande amor



“É preciso abrir todas as portas que fecham o coração.
Quebrar barreiras construídas ao longo do tempo,
Por amores do passado que foram em vão.
É preciso muita renúncia em ser e mudança no pensar.
É preciso não esquecer que ninguém vem perfeito para nós!
É preciso ver o outro com os olhos da alma e se deixar cativar!
É preciso renunciar ao que não agrada ao seu amor...”
Viver um grande amor exige muito de nós. Paciência, compreensão, confiança, cumplicidade, humildade...
Como é difícil abrir mão daquilo que gostamos de fazer! Seria tão bom se pudéssemos conciliar as coisas. Os amigos e a pessoa amada, o futebol e a novela, a cerveja e o 'chá das cinco', o vestido curto e os olhares na rua, a festa e o filme, os pais e o horário de chegar em casa... Só que não é possível. A vida é cheia de opções: um ou outro... E o difícil mesmo é estarmos preparados para arcar com as consequências de nossas escolhas.
“Que nunca te arrependas pelo amor dado!
Faz parte da vida arriscar-se por um sonho...
Porque se não fosse assim, nunca teríamos sonhado!
Mas, antes de tudo, que você saiba que tem aliado.
Ele se chama TEMPO... seu melhor amigo.
Só ele pode dar todas as certezas do amanhã...
A certeza que... realmente você amou.
A certeza que... realmente você foi amada.”

Hipótese



“E se Deus é canhoto
e criou com a mão esquerda?
Isso explica, talvez, as coisas deste mundo.”
Hoje, quando acordei, me dei conta de que, apesar de tudo, ESTOU VIVA!
Vivemos uma constante perda... pessoas queridas se vão... e lembranças ficam.
Talvez não tenha sido a intenção de Drummond, neste verso, falar de morte... mas eu quis interpretar desta maneira. Porque é a ferida mais latente que tenho neste momento...
Perdi um amigo muito querido. Mais que isso, um irmão!
Um jovem que tinha o coração maior que o universo... mas o mundo não soube reconhecer seu valor. Um adolescente que só queria desfrutar, de maneira inocente e ingênua, os momentos e as pessoas...
Sequer teve tempo de dizer adeus! De declarar, explicitamente, seu amor por quem ele realmente AMAVA!
A família; nós, os amigos; os conhecidos... a cidade inteira parou e imóvel, tentava compreender o que havia acontecido! Por que ele? Dentre tanta gente ruim, sem alma, sem coração, sem sede de ser feliz... Por que ele?
Minha vida, e de muitos outros, ficou ausente de progressos após a sua ida. Não havia mais porque prosseguir! Pra que lutar, pra que cativar pessoas, qual o motivo de correr atrás de um sonho se, caso alcançado, não pudermos nem sentir o gosto da vitória?
Todavia, quem sou eu pra questionar os desígnos de Deus!
A minha vida, mesmo que desfalcada, segue adiante.
Ele nunca nos deixou... e a única certeza que tenho é que um dia iremos nos reencontrar.
Não busco mais entender o porquê das coisas. Estou me desfazendo de um antigo conceito o qual revela que para toda pergunta existe uma resposta. Não procuro mais respostas, somente aceito e tento aprender, no meio de tanta infelicidade, algo que me transforme em um ser melhor.
A você, Mayron: saudades e inúmeras lembranças!!!

Conselho de um velho apaixonado



Será que é amor?
Quem nunca se fez essa pergunta?
Vivendo e aprendendo... Será que aprendemos mesmo?
E se na verdade aquela idéia de que cada experiência é única for verdadeira?
Não interessa, o importante mesmo é ter sensibilidade para detectar os detalhes. Para se dar conta, nas atitudes mais simples, do quanto alguém se preocupa com você.
Existem pessoas e pessoas. Umas se entregam mais, gritam para o mundo o que sentem. Já outras, essas são mais introvertidas, sentem, mas não demonstram com palavras! O difícil é saber entender a intenção de cada um...
O coração acelera, os olhos brilham intensamente, os pensamentos estão sempre voltados para um certo alguém. O perdão é substituído por uma demonstração qualquer de carinho. A cumplicidade faz-se presente. A beleza do amado encontra-se além do estereótipo... E o tempo torna-se flexível...
Ah... mas de que adianta termos essa receita inteirinha se por diversas vezes não nos deixamos envolver? Sim, o orgulho fala mais alto. A prepotência é soberana. O sentimento de posse transforma indivíduos em objetos. O medo torna os corações frios! Estamos mais arredios. Procuramos cada vez mais o individualismo, sermos totalmente independentes de quaisquer relações humanas...
É uma pena, porque não há nada tão maravilhoso quanto ter pessoas afáveis ao nosso redor... Portanto “preste atenção nos sinais. Não deixe as loucuras do dia a dia o deixarem cego para a melhor coisa da vida: o AMOR!!!”

Oficina irritada



Pobre Drummond, quisera passar despercebido por este poema! O que ele não imaginava é que no caos em que vivemos, o desespero, a desilusão, a ira e até mesmo o repúdio são as principais temáticas de nossa existência.
Tem dias em que tudo está errado! O que se há de fazer? Talvez canalizar estes pensamentos, essas vontades, as indignações em algo produtivo? É uma opção plausível. Escrever ameniza a dor, o sofrimento. Pode ser uma maneira de reagir diante de tudo que nos desaponta.
A passividade as vezes é assustadora! Vemos, todos os dias, situações, fatos absurdos, e aí... não fazemos nada. Sentimos apenas aquele pesar, aquela repugnância introspectiva que não ultrapassa os limites do EU ACHO.
As ideologias são lindas... e? Vamos continuar olhando-as apenas como utopias? Vamos prosseguir com a sensação de que concordar com os discursos competentes nos fazem melhores e, pronto?...
Drummond, Drummond, Drummond... agora entendo porque você criou este poema “duro, como poeta algum ousara escrever.”

quarta-feira, maio 06, 2009

Cidadezinha qualquer



A vida pacata das cidades do interior assusta quem não está acostumado com um cotidiano tranquilo. Nestes lugares, o dia começa mais cedo, portanto não há aquela luta massacrante com o relógio. As pessoas não precisam ser contorcionistas para se encaixarem nos intervalos de tempo. No campo, mais especificamente, não há uma programação certa do dia a dia pois, na maioria das vezes, cada um é patrão de si mesmo e o que não deu pra ser feito hoje, fica pra amanhã…
Na ‘cidade grande’, não. Os funcionários que se atrasam são demitidos. Afinal: a fila de desempregados espera ansiosa que mais um volte a fazer parte dela! O dia é segmentado, fragmentado e dividido infinitas vezes. Horário de almoço, reunião, hora extra, hora do rush, happy hour… Aff, até eu me cansei! Preciso respirar…(risos).
“Um homem vai devagar.
Um cachorro vai devagar.
Um burro vai devagar.
Devagar… as janelas olham.”
… E como olham…
Talvez o que mais incomode nesta vida pasmaceira é o tempo ocioso. Pois é. A falta do que fazer leva os habitantes destas localidades mais lentas à busca por uma ocupação. E este povo que parecia ser tão calmo, sereno… tem uma criatividade! Eles fazem da vida alheia uma verdadeira reportagem investigativa!
Entretanto, voltamos ao ponto de partida. Afinal, seja nos centros urbanos tumultuados ou nos municípios e vilas sossegados: a vida, independente da forma, continua… Na verdade, o que importa mesmo é respeitar as culturas e tipicidades de cada região e VIVER!!!

No meio do caminho





Uma, duas, três... várias pedras! Nossa vida é cheia de obstáculos. Superamos um e logo nos deparamos com outro! Nossos caminhos não são sempre retas onde podemos visualizar, claramente, o que existe à frente. Vez ou outra passamos por estradas desconhecidas, curvas... Sem falar em infortúnios que frequentemente dificultam a caminhada.
Todavia, o que não podemos é perder a coragem sem ao menos tentar. Sim, há uma pedra no meio do caminho, mas estagnar, se deixar vencer por isso, não é a melhor opção. É preciso reverter a situação, buscar soluções, não desanimar... pois se a pedra por ali permanecer, há de haver outros meios.

Memória



Passamos grande parte de nossas vidas buscando o amor... 
Mas não basta ser amado! É preciso amar também. O problema é esse: encontrar alguém que corresponda aos nossos sentimentos. Alguém que ame com a mesma intensidade com que EU amo. Uma pessoa que sinta, que viva, que pense, que se entregue de maneira similar a minha.
“Amar o perdido deixa confundido este coração. Nada pode o olvido contra o sem sentido apelo do Não.”
Às vezes o que parecia simples torna-se incompreensível e o que antes era um sonho transforma-se na mais cruel realidade.
“As coisas tangíveis tornam-se insensíveis à palma da mão.”
Daí, passamos a ver nossos ideais escapando por entremeio aos nossos dedos e a desilusão toma conta de nossas almas...
Contudo as perdas existem justamente para isso: para aprendermos a dar valor aos momentos felizes que já tivemos, às pessoas que julgamos importantes e essenciais em nossas vidas, às nossas conquistas, vitórias... Afinal: “...as coisas findas, muito mais que lindas, essas ficarão.”

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